Um sonho acalentado ao longo de dois anos de pandemia começa a tomar forma. Em março de 2022 quatro amigos começam a se reunir e conversar sobre a possibilidade de um caminho – uma trilha de longo curso – que conectasse diferentes regiões do estado de Alagoas e tivesse como fim a cidade de Santana do Ipanema.
A ideia era refazer o caminho entre Viçosa – AL e Santana do Ipanema – AL onde em 1899 uma comitiva conduziu, sobre o lombo de animais, uma imagem sacra de Nossa Senhora que viria a permanecer na pequena igreja construída no centro da cidade de Santana do Ipanema para marcar a passagem do século.
Este percurso vem sendo percorrido anualmente, desde 2012, por um grupo de tropeiros que rememoram o caminho tradicional feito no final do século XIX. Havia então um “norte” acerca da trilha. Em uma conversa inicial com o tropeiro Stênio Luiz foram prontamente cedidos os arquivos de GPS do percurso realizado por eles. Este material foi atentamente estudado, pensando em como aquele percurso poderia ser realizado em peregrinação. Distâncias, pontos de apoio, ajustes na rota, etc.
Era chegado o momento de “se lançar” no caminho, verificar se o que constava nos arquivos de GPS e no planejamento poderia ser executado. Neste sentido, em 20 de Março de 2022, os 4 amigos – Cheops, Rômullo, Ederlan (Freed) e José Machado – partiram de Santana do Ipanema rumo à Viçosa, para em uma jornada com motocicletas verificar in loco todo o percurso. Horas depois o grupo estava de volta à Santana. Na bagagem, a certeza da factibilidade do caminho, não obstante algumas dificuldades encontradas.
150 km separavam a “Princesa das Matas” da “Rainha do Sertão”. O trajeto que tem em quase sua totalidade estradas vicinais e pequenas trilhas corta 7 municipios alagoanos. Percorre todas as mesoregiões do estado de Alagoas partindo do Leste Alagoano, mais precisamente da microrregião Serrana dos Quilombos onde está situada Viçosa, seguindo para o Agreste Alagoano onde estão as cidades de Mar Vermelho, Palmeira dos Índios, Estrela de Alagoas e Cacimbinhas e, por fim, chega ao Sertão Alagoano onde estão as cidades de Dois Riachos e Santana do Ipanema.
Percorrer esta rota é viver uma experiência de climas, vegetações, tradições e culturas diversas. É caminhar saindo de onde tombou Zumbi e nasceu Théo Brandão; é sentir o clima serrano da “Suiça Alagoana”; é passar por Palmeira dos Índios e tentar identificar elementos outrora apresentados por seu mais ilustre prefeito, Graciliano Ramos; é encontrar na Canafístula o local onde viveu o venerável Frei Damião até a sua Morte; é chegar na Igrejinha de Nossa Senhora da Assunção, onde em seus degraus, estiveram expostas as cabeças do bando de Lampião.
Nesse momento já havia uma rota demarcada, validada e um nome em mente. Era a hora de começar a buscar parceiros para a realização efetiva do projeto.
